Publicado em 24 de junho de 2023 às 16:00
Na noite de sexta-feira, 23, o chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, que apoia a Rússia na guerra da Ucrânia, se desentendeu com o governo russo. Parte dos combatentes do grupo decidiu se mobilizar pelas ruas do país, o que gerou a maior crise política interna do país desde que Vladimir Putin chegou ao poder em 1999. >
O grupo foi fundado em 2014. Uma das primeiras missões foi na península ucraniana da Crimeia, quando mercenários com uniformes sem identificação ajudaram forças separatistas apoiadas pela Rússia a tomar a região.>
Em fevereiro de 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, Moscou usou os mercenários para reforçar as forças da linha de frente. Era apenas algo temporário, mas acabou contando cada vez mais com o grupo em batalhas críticas, como nas cidades de Bakhmut e Soledar.>
Acredita-se que a maioria dos integrantes do grupo são ex-soldados de elite altamente treinados. Mas quando as perdas da Rússia durante a guerra na Ucrânia começaram a aumentar, o proprietário da empresa, o oligarca Yevgeny Prigozhin, ligado ao Kremlin, começou a expandir o grupo, recrutando prisioneiros e civis russos, assim como estrangeiros.>
A estimativa é de que 20 mil pessoas façam parte do Grupo Wagner.>
A constituição russa diz que o estabelecimento de empresas militares privadas é ilegal. Segundo o documento, a responsabilidade pela segurança e defesa cabe exclusivamente ao Estado. O Código Penal da Rússia também proíbe que os cidadãos sirvam como mercenários.>
No entanto, há brechas na lei russa que permitem que o Grupo Wagner opere. Empresas estatais podem ter forças de segurança armadas privadas e, dessa forma, os mercenários atuam em uma zona semi-ilegal.>
A Rússia não é o único país com empresas militares privadas. Muitas outras nações, incluindo Estados Unidos, África do Sul, Iraque e Colômbia, têm empresas militares privadas operando dentro e fora de suas próprias fronteiras.>
O Grupo Wagner se destaca por seus laços estreitos com o governo russo, bem como por sua ampla gama de atividades. Enquanto muitas empresas privadas se concentram na prestação de serviços de segurança, o Grupo Wagner esteve envolvido em uma ampla gama de tarefas em conflitos e guerras civis.>
Essa é a mais grave crise política interna do país desde 1999, quando Vladimir Putin assumiu o poder. Sabendo disso, Putin prometeu 'esmagar' a rebelião. Em discurso na TV, presidente russo chamou o motim de 'punhalada nas costas'. 'Todos aqueles que deliberadamente trilharam o caminho da traição, que prepararam uma insurreição armada, que seguiram o caminho chantagem e métodos terroristas, sofrerão a punição inevitável, responderão tanto à lei quanto ao nosso povo', disse.>
O desentendimento começou após Prigozhin acusar o chefe do Estado-Maior russo, o general Valery Gerasimov, de ordenar ataques contra suas unidades, mesmo sabendo que estavam circulando entre veículos civis.>
O chefe do grupo prometeu 'ir até o fim' para depor o comando militar russo e afirmou que suas tropas irão 'destruir tudo o que estiver' no seu caminho.>
O líder do grupo paramilitar russo afirmou que suas forças derrubaram um helicóptero militar russo, porém ainda não há provas.>
Com informações do UOL>