Cientistas do Museu Paraense Emílio Goeldi, em colaboração com a Pontifícia Universidade Católica de Goiás, realizaram uma importante descoberta: identificaram três novas espécies de cobras-corais verdadeiras! A pesquisa é parte da tese de doutorado do pesquisador paraense Lywouty Nascimento, que é o primeiro autor do artigo publicado na revista internacional Systematics and Biodiversity.
No Brasil, eram conhecidas 38 espécies de cobras-corais verdadeiras, agora o número subiu para 41. Apesar do Museu Goeldi focar em pesquisas sobre a Amazônia, também envolve pesquisas em outros biomas brasileiros. Este novo estudo é um exemplo, já que as espécies de corais foram descobertas nos biomas da Caatinga e Mata Atlântica. A descoberta “destaca não apenas a riqueza da biodiversidade brasileira, mas a importância da pesquisa científica em biomas pouco estudados e degradados pela ação humana” diz Lywouty.
Quando se descrevem novas espécies, os autores podem nomeá-las. Neste caso, o nome de duas das espécies, prestam homenagem a pesquisadores do mesmo tema. A espécie Micrurus janisrozei é uma homenagem para Janis A. Roze. A espécie Micrurus anibal é uma homenagem para Anibal R. M. Gimenez. Já a espécie chamada de Micrurus bonita presta tributo à figura icônica de Maria Bonita do cangaço.
Diferente do que muitos pensam, novas espécies não são descobertas a partir de uma andança pela floresta e avistamento de um bicho completamente novo (apesar de isso ser possível). Essas descobertas são feitas em geral, com animais presentes em coleções biológicas, em museus, a partir de espécies já conhecidas, como neste caso, as novas corais foram descritas a partir da espécie Micrurus ibiboboca. Isso mostra a importância dos acervos científicos como repositórios cruciais de biodiversidade, de onde descobertas como essas são facilitadas.
É importante destacar que, por mais que as cobras-corais sejam potencialmente perigosas para seres humanos, possuindo uma poderosa peçonha de ação neurotóxica, é improvável que alguém seja mordido por alguma. Os casos são raríssimos, menos de 1% dos acidentes no Brasil. Além disso, elas não dão bote e vivem escondidas a maior parte do tempo. Portanto, não tente manipular ou identificar cobras em geral por aí. Corais podem ter colorações mais escuras e pouco chamativas, nem sempre com aquele padrão de cor vermelha como as que estão presentes nas espécies da pesquisa.
Para a sociedade, a pesquisa contribui para o avanço do nosso conhecimento sobre a biodiversidade brasileira, especialmente no que diz respeito a espécies com potencial médico e farmacológico, como no caso das cobras-corais verdadeiras. Além disso, chama a atenção para questões ambientais críticas relacionadas à conservação dos biomas da Caatinga e Mata Atlântica, o que reforça a necessidade de reconhecimento e respeito por todas as formas de vida.
A descoberta fruto da tese de doutorado do cientista Lywouty Nascimento, sob a coordenação da Dra. Ana Prudente no Laboratório de Herpetologia do Museu Goeldi, mostra o compromisso contínuo da instituição com a formação de pesquisadores e com a ampliação do conhecimento científico na grande área de biodiversidade. A pesquisa também teve colaboração da Dra. Roberta Graboski (Tel Aviv University), Dr. Nelson Jorge da Silva Jr (PUC-GO).
Coluna realizada com auxilio dos autores da pesquisa.
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