Publicado em 21 de abril de 2025 às 12:05
Eram 22h29 do dia 21 de abril de 1985 quando o Brasil parou. A voz do porta-voz Antônio Britto soou em rede nacional para anunciar uma notícia que o país temia havia semanas:>
“Lamento informar que o excelentíssimo senhor presidente da República, Tancredo Neves, faleceu esta noite.”>
Aos 75 anos, Tancredo encerrava uma trajetória de mais de cinco décadas na vida pública, marcada pela habilidade política e pelo espírito conciliador. Vereador, deputado, ministro da Justiça de Getúlio Vargas, senador e governador de Minas Gerais, o mineiro de São João del-Rei se tornou o símbolo da transição democrática brasileira após a ditadura militar, mas jamais ocupou o cargo para o qual foi eleito de forma indireta em 15 de janeiro de 1985.>
Na véspera da posse, marcada para 15 de março, Tancredo foi internado com fortes dores abdominais. Diagnosticado com um tumor benigno no intestino, passou por sete cirurgias em 39 dias de internação — um drama nacional que mobilizou o país. A resistência surpreendente à gravidade do quadro fez médicos o chamarem de dono de um “coração indomável”.>
Durante esse período, o então vice-presidente José Sarney assumiu o cargo interinamente. Com a confirmação da morte de Tancredo, foi efetivado como presidente e, em pronunciamento à 00h30 de 22 de abril, comprometeu-se a manter o projeto de governo do companheiro de chapa:>
“O nosso programa será o mesmo de Tancredo Neves. (...) A ressurreição de Tancredo virá na construção da Nova República.”>
Tancredo entrou para a história como patrono da redemocratização e arquiteto de uma transição pacífica, que culminaria na Constituição de 1988. Quatro décadas após sua morte, o país ainda reverencia o homem que, mesmo sem assumir, encarnou a esperança de uma nova era para o Brasil.>