Publicado em 7 de novembro de 2024 às 09:05
Na madrugada da última quarta-feira, 6, em seu primeiro discurso após vitória nas eleições à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump aproveitou o momento para falar sobre conflitos que estão sendo travados ao redor do mundo atualmente. Ao lado do vice, J.D. Vance, o republicano prometeu ser o político que vai acabar com guerras, ainda que declarações durante a corrida eleitoral não sinalizem isso.>
“Disseram que eu começaria uma guerra. Mas eu não vou começar nenhuma guerra. Eu vou por fim a guerras”, declarou o presidente eleito.>
Apesar da promessa, Trump fez diversos comentários sobre os principais conflitos da atualidade durante a campanha eleitoral, e indicou que eles podem não acabar, e sim serem afetados pela política externa dos EUA sob o seu comando.>
Ucrânia>
Os cofres dos EUA se abriram para a Ucrânia desde o início da guerra com a Rússia, em fevereiro de 2022, tornando a administração Biden o maior financiador e apoiador do país liderado por Volodymyr Zelensky. Estimativas apontam que o apoio financeiro de Washington a Kiev, incluindo ajuda militar, já ultrapassou a cifra dos US$ 84 bilhões. O dado, do Instituto Kiel, não leva em conta os pacotes de armamentos liberados pelo governo Biden, que giraram em torno de US$ 8,9 bilhões no período de 57 dias.>
O alto valor depositado no conflito, no entanto, passou a ser alvo de críticas na política interna dos EUA, principalmente entre membros do Partido Republicano, por não enxergarem grandes retornos do investimento no campo de batalha.>
Além da promessa em acabar com o conflito entre ucranianos e russos em “24 horas”, caso fosse eleito, o magnata também demonstrou descontentamento quanto ao valor enviado à Ucrânia, e sinalizou que a assistência ao país pode ser afetada na sua administração.>
Em junho, Trump falava com apoiadores em Detroit quando chamou Zelensky de “o melhor vendedor entre todos os políticos de toda a história” por sempre garantir uma quantia astronômica a cada encontro com o então presidente norte-americano, Joe Biden. “Ele saiu há quatro dias com US$ 60 bilhões, e chega em casa e anuncia que precisa de mais US$ 60 bilhões. Isso nunca acaba”, disse.>
Israel>
Antes mesmo de voltar à Casa Branca, Trump deixou claro que a parceria histórica entre EUA e Israel, principalmente contra ameaças do chamado “eixo da resistência” no Oriente Médio, continuará com o país sob seu comando. Entretanto, uma mudança significativa pode surgir em relação ao apoio às ações de Israel, que nos últimos meses enfrentou problemas com a administração Biden, principalmente na guerra da Faixa de Gaza.>
Mesmo garantindo que Israel possui o direito de atacar o Hamas no enclave palestino, o derramamento de sangue em Gaza fez com que os EUA subissem o tom contra os planos do governo Netanyahu. Além do alto número de palestinos mortos, que já ultrapassa a marca de 43 mil até o momento, a questão humanitária em Gaza fez com que os EUA criticassem as ações de israelenses na região e ameaçassem um embargo de armas, caso a Israel não agisse para melhorar a situação.>
Irã>
No primeiro telefonema após a eleição de Trump, o gabinete de Benjamin Netanyahu informou que um dos temas discutidos pelos dois líderes foi a “ameaça iraniana”, mostrando que a ascensão do bilionário à Casa Branca pode esticar, ainda mais, a corda entre Israel e Irã. Como um dos desdobramentos da guerra na Faixa de Gaza, os dois países entraram em confronto direto neste ano, com ataques mútuos desde abril deste ano.>
As ações militares contra o Irã, apesar de apoiadas pelos EUA, sempre foram precedidas de diversos alertas e pressões do governo Biden sobre o tom dos ataques. A administração democrata defendia que os ataques precisavam mostrar o poder de Israel, mas sem exageros, com o objetivo de evitar uma guerra direta entre os dois países. Exemplo dessa postura aconteceu no fim de outubro, quando Israel bombardeou o território iraniano em retaliação aos ataques sofridos no início do mês. Na época, havia a expectativa de que instalações nucleares no país pudessem ser alvos.>
Questionado se apoiava a ideia israelense, Biden disse ser contrário a ataques em alvos nucleares, e pediu Israel deveria respondesse ao bombardeio de 1º de outubro contra seu território na “mesma proporção”.>
“A resposta é não [se os EUA apoiam uma ofensiva contra instalações nucleares iranianas]”, declarou Biden a repórteres. “E eu acho que há coisas – nós discutiremos com os israelenses o que eles farão, mas eles, todos, todos os sete de nós (membros do G7) concordamos que eles têm o direito de responder. Mas eles devem responder na mesma proporção”.>
Já Trump, que ordenou a morte do principal general do Irã no seu primeiro mandato, disse que o programa nuclear do regime iraniano deveria ser o principal alvo da ação. “Quando lhe fizeram essa pergunta, a resposta deveria ter sido atingir o nuclear primeiro, e se preocupar com o resto depois”, disse Trump durante um evento de campanha na Carolina do Norte.>