Publicado em 11 de setembro de 2024 às 09:21
O primeiro debate entre os candidatos ao cargo de presidente dos Estados Unidos, realizado na noite da última terça-feira, 10, na Filadélfia, no estado americano da Pensilvânia, considerado chave para decidir o pleito deste ano, foi marcado por temas polêmicos e embates acalorados entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris.>
Ao longo de 1 hora e 40 minutos, Trump criticou a atual vice de Joe Biden, por exemplo, sobre o fluxo de imigrantes ilegais. Por outro lado, Kamala decidiu partir para o lado pessoal e mencionou a condenação criminal do ex-presidente. Além da imigração, temas como aborto e política externa marcaram o embate que pode ser o único entre os postulantes à Casa Branca.>
Economia>
O debate começou com perguntas sobre a economia americana. Ao ser questionada sobre seu plano econômico, Kamala ressaltou que queria criar uma “economia de oportunidades” e reduzir impostos para a classe média. A vice-presidente acusou Trump de planejar um grande corte de impostos para os ricos americanos.>
O republicano, por sua vez, iniciou a sua participação no debate com críticas à alta inflação americana. O ex-presidente louvou as realizações de seu governo e mencionou a imigração ilegal como um dos problemas que estaria atrapalhando a economia americana. Trump acusou imigrantes ilegais de tirarem empregos de americanos.>
O ex-presidente também aproveitou o momento para defender o seu plano de impor tarifas a produtos de outros países ao ressaltar que apenas a China seria prejudicada e não os americanos.>
Já Kamala, ao ser perguntada sobre o fato de a administração de Biden ter mantido algumas tarifas impostas pelo governo Trump, se esquivou e acusou o republicano de não ser “firme” com o presidente da China, Xi Jinping.>
O republicano terminou o bloco criticando novamente as políticas do governo Biden em relação ao fluxo de imigrantes ilegais. Ele disse que Kamala não tem uma ideologia própria e alegou que ela é uma marxista como seu pai, o professor universitário Donald Harris.>
Aborto>
No segundo bloco de perguntas, o tema discutido foi o aborto. Em sua fala, Trump acusou o Partido Democrata de ser “radical” e mencionou o companheiro de chapa de Kamala, Tim Walz, ao apontar que ele seria a favor da morte de bebês após o nascimento.>
O republicano se disse a favor do procedimento em exceções como má-formação, estupro ou incesto e defendeu que o tema seja decidido pelos estados americanos.>
Kamala, por sua vez, afirmou que o governo americano não tem o direito de dizer o que uma mulher pode ou não fazer com o seu corpo. A vice-presidente disse que deseja restaurar o entendimento jurídico Roe vs Wade via Congresso americano, que foi revogado pela Suprema Corte.>
O entendimento liberava o procedimento nos Estados Unidos. A democrata disse que Trump proibirá o aborto em todos os estados se fosse eleito.>
Imigração>
Durante perguntas sobre o imigração, Kamala acusou Trump de ter forçado republicanos no Congresso a não aprovarem uma legislação que reforçaria a patrulha da fronteira para explorar o tema nas eleições.>
Ainda no assunto, Kamala criticou Trump e afirmou que muitos políticos do Partido Republicano que trabalharam no governo Trump a apoiaram. Ela também mencionou que obteve o apoio de ex-funcionários que trabalharam com o ex-presidente George W. Bush e os senadores Mitt Romney e John McCain.>
Trump, por sua vez, se defendeu ao afirmar que os funcionários de seu governo que agora apoiam Kamala eram “ruins” e ficaram bravos porque foram demitidos. O ex-presidente voltou a carga no tema de imigração ilegal ao afirmar que os EUA podem se tornar uma “Venezuela com esteroides” por conta do alto fluxo de imigrantes ilegais nos EUA.>
Neste momento, Kamala mencionou as condenações judiciais de Trump ao apontar que o republicano não tem moral para defender controles mais rígidos na fronteira. O republicano disse que as acusações foram orquestradas politicamente para prejudicá-lo nas eleições.>
"Eu provavelmente levei um tiro na cabeça por conta das coisas que eles dizem de mim", apontou Trump em relação à tentativa de assassinato sofrida por ele em um comício em Butler, Pensilvânia, em julho.>
6 de janeiro e eleições de 2020>
Ao ser perguntado sobre a invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021, Donald Trump se defendeu e afirmou que apoiou protestos pacíficos em Washington. Após perder o pleito americano de 2020 para Joe Biden, o republicano não aceitou o resultado.>
Durante o debate, Trump seguiu não reconhecendo que perdeu a eleição de 2020 e culpou a ex-presidente da Câmara dos Deputados Nancy Pelosi pela invasão do Capitólio. O ex-presidente disse que imigrantes ilegais estavam votando nas eleições americanas e favorecendo o Partido Democrata.>
Após Trump questionar mais uma vez os resultados das eleições americanas de 2020, Kamala disse que o republicano foi despedido pelos eleitores no último pleito e que líderes mundiais fazem chacota do ex-presidente. O republicano respondeu que os democratas não respeitam a democracia por conta da saída de Joe Biden da chapa e que o atual presidente odeia Kamala.>
Política externa>
Durante o bloco de política externa, os dois candidatos foram questionados sobre os principais temas dos últimos quatro anos: a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, a guerra na Ucrânia e a saída americana do Afeganistão.>
Kamala afirmou que deseja um cessar-fogo na Faixa de Gaza e que está trabalhando pela volta de todos os reféns israelenses. Em resposta, o republicano apontou que a democrata odeia Israel e que os ataques terroristas de 7 de outubro do ano passado não teriam acontecido se ele fosse o presidente americano.>
Sobre a guerra na Ucrânia, o ex-presidente destacou que o conflito entre Kiev e Moscou não estaria acontecendo se ele fosse o chefe de Estado americano. Como em outros momentos, o republicano apontou que acabaria com a guerra ainda como presidente eleito, antes de possivelmente assumir no dia 20 de janeiro do ano que vem.>
A vice-presidente, por sua vez, negou que odeie Israel e atacou Trump ao afirmar que ele gostaria de ser um ditador e troca “cartas de amor” com o líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-un.>
Ao ser perguntado se queria que a Ucrânia ganhasse a guerra contra a Rússia, o republicano afirmou que queria que a guerra acabasse, sem tomar um lado. Ele criticou a diplomacia do governo Biden ao apontar que não existe nenhum diálogo entre Washington e Moscou e louvou suas boas relações com os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.>
Na sequência, Kamala destacou que Trump “desistiria da Ucrânia” caso eleito e disse que se “Trump fosse presidente, Putin estaria em Kiev agora”. A vice-presidente ressaltou a importância da Otan em todo o processo de defesa da Ucrânia.>
Quando perguntada sobre o Afeganistão, a vice de Biden apontou que apoiou a decisão do atual presidente de retirar tropas americanas do país. A democrata acusou Trump de convidar lideranças do Talibã a negociarem nos Estados Unidos.>
Em resposta, o republicano criticou a democrata e classificou a saída do Exército americano do Afeganistão como um dos “momentos mais vergonhosos da história dos Estados Unidos”.>
Questões raciais>
Na parte final do debate, o republicano foi perguntado sobre questionamentos anteriores em relação à identidade racial de Kamala Harris. Trump afirmou não se importar com o tema, mas afirmou que ela passou a se identificar como afro-americana nestas eleições. A democrata respondeu que Trump tenta dividir os americanos por raça e aumentar a divisão nos Estados Unidos.>
Considerações finais>
Em suas considerações finais, Kamala afirmou que tem uma visão de futuro para os EUA e que quer criar mais oportunidades e reduzir o custo de vida. A vice-presidente ressaltou que faz parte de uma nova geração de líderes americanos que está mais focada no futuro, ao contrário de Trump que estaria focado no “passado”.>
Trump iniciou suas considerações ressaltando que Kamala faz parte da atual administração americana, mas ainda assim discursa como se fosse uma candidata da oposição. O ex-presidente adotou um tom pessimista e disse que os EUA são uma “nação em declínio” e que a imigração ilegal está destruindo o país.>