Publicado em 16 de junho de 2023 às 19:15
Quelônios agora dão início a um novo ciclo de crescimento, reprodução e continuidade da espécie, que está ameaçada de extinção>
Após semanas acomodadas em um berçário nas adjacências da Unidade de Conservação (UC) Monumento Natural do Atalaia, em Salinópolis, 109 filhotes de tartarugas marinhas agora dão início a um novo ciclo de crescimento, reprodução e continuidade da espécie.>
O fenômeno natural registrado no final da tarde da última terça-feira (13) só foi possível devido à dedicação dos pesquisadores do Projeto de Monitoramento de Desovas de Tartarugas Marinhas (PMDTM) e profissionais ligados às instituições do Governo do Pará, como o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), o Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran) e demais agentes de segurança pública. >
A soltura dos quelônios, que é a primeira registrada no local em 2023, atraiu curiosos que aproveitavam o principal balneário do litoral paraense, a Praia do Atalaia, além de estudantes da rede pública municipal e moradores do entorno. Na ocasião, o público pôde compreender o papel que a UC do Ideflor-Bio - Monumento Natural do Atalaia - desempenha para a manutenção do ecossistema da região.>
Quem acompanhou o momento de perto, juntamente com o filho, foi o turista Paulo Mendes. 'Essa é uma boa iniciativa. Aliás, qualquer ação que preserve a natureza é bom para o meio ambiente e, consequentemente, para todos nós. Trouxe meu filho para acompanhar essa experiência porque incentiva ele a crescer tendo noções de sustentabilidade e de conhecimento sobre a importância dessa causa', afirmou.>
Desde fevereiro deste ano, o Ideflor-Bio e os órgãos de segurança pública realizam o bloqueio de 3 km da faixa de areia da Praia do Atalaia para a proteção de cinco espécies de tartarugas marinhas: Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda), Lepidochelys olivacea (tartaruga-oliva), Chelonia mydas (tartaruga-verde), Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente) e Dermochelys coriacea (tartaruga-de-couro) - que utilizam o local para desova e, posteriormente, é o local onde ocorre a eclosão dos ovos.>
Trabalho em equipe - Para a bióloga e coordenadora de campo do PMDTM, Josie Barbosa, 'a sensação é de dever cumprido, mas ainda há muito trabalho pela frente. O monitoramento realizado por nossas equipes não terminou. A gente vai continuar com os trabalhos até julho. Há muitas tartarugas previstas para subir, fora que mais de 500 ovos continuam em incubação e sob nossos cuidados'. >
Barbosa disse, ainda, que o envolvimento de toda a sociedade é fundamental para o progresso das atividades.>
'Quanto mais pessoas entenderem a importância da conservação da espécie [tartarugas marinhas], mais a gente consegue garantir a continuidade desses animais. É um trabalho de formiguinha e assim conseguimos instituir uma rede do bem, para que as pessoas entendam a relevância delas para o nosso ecossistema', concluiu a especialista.>
Atualmente, a Mineral Engenharia e Meio Ambiente executa o PMDTM, que monitora áreas de desova de tartarugas no litoral paraense. O projeto é uma medida de mitigação exigida pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).>
O empresário Júnior Oásis conta que se sente honrado de participar como voluntário do projeto desde o início. Ele acredita que é preciso desenvolver o turismo na região e preservar o meio ambiente, além de conciliar o desenvolvimento com a sustentabilidade, trabalhando em conjunto para que se possa encontrar um equilíbrio. >
'O que a gente tem observado é que essa iniciativa tem fomentado o ecoturismo na praia, atraindo mais pessoas que buscam conhecer o funcionamento desse trabalho. É preciso dizer que existe uma parte da comunidade que apoia o projeto, que também rejeita, mas a gente entende que o processo de aceitação vem com o tempo. A comunicação das instituições envolvidas nesse trabalho conosco está bem melhor', enfatizou.>
Preservação - O Monumento Natural do Atalaia é uma UC de Proteção Integral do Ideflor-Bio, criada em 2018 para preservar os ecossistemas de manguezais, restingas e dunas do Atalaia. Este é um dos últimos locais preservados nessa área e que abriga diversas espécies de animais, entre mamíferos e uma rica avifauna residente e migratória, com atenção especial aos períodos de reprodução das tartarugas marinhas que sobem à Praia do Atalaia, no período noturno, para depositar seus ovos. >
De acordo com a técnica em Planejamento e Gestão Ambiental do Ideflor-Bio, Adriana Maués, é de suma importância que o Governo do Pará, por meio do Ideflor-Bio, incentive a continuidade dos trabalhos desempenhados pelo projeto de monitoramento e soltura dos quelônios nas adjacências da UC.>
'Nós estamos plantando uma poupança de biodiversidade, ou seja, possibilitando que uma fauna que hoje está ameaçada de extinção, que são as tartarugas marinhas, tenham a plena continuação. Temos recebido feedbacks bastante positivos de turistas e moradores do município, e é importante destacar que ainda temos mais ninhos para fazer futuras solturas nos meses de junho, julho e agosto', detalhou a servidora.>
Com informação da Agência Pará.>