Publicado em 19 de março de 2025 às 13:59
Pescadores do município de Barcarena, no nordeste paraense, estão viralizando nas redes sociais com vídeos de captura de um camarão gigante azul, que tem chamado bastante atenção.>
Veículos de imprensa nacional têm noticiado a aparição mais frequente dessa espécie na região, e muitos classificam esse camarão gigante como uma ameaça para os camarões regionais, significativamente menores. Mas será que ele é mesmo uma ameaça?>
Segundo a professora Cristiana Ramalho Maciel, do Instituto de Estudos Costeiros (IECOS) da Universidade Federal do Pará (UFPA), do Campus Bragança, o Macrobrachium rosenbergii, ou camarão-gigante-da-malásia, não é uma novidade por aqui, e também não representa necessariamente um risco as espécies de camarão nativos da Amazônia.>
Cristiana explica que a espécie foi introduzida no estado há cerca de 20 anos e é encontrada com mais frequência no período mais seco nas regiões do Marajó e Bragança.>
“Primeira coisa que a gente precisa saber é que não é recente. Aqui no estado temos o pico de produção que é no começo da estação seca, e o declínio na estação chuvosa. Há uns 15 anos atrás nós pesquisadores fizemos o acompanhamento dessa espécie e registramos os locais em que ocorre. Esse pico que está tendo agora em Barcarena, quando soube, logo consultei os pescadores dessas regiões em que já temos registros, e não há relatos dessa aparição massiva como a que está acontecendo em Barcarena , é realmente uma situação isolada”.>
Ainda segundo a pesquisadora, o fator climático pode ter interferido no comportamento da espécie , influenciando um tipo de migração.>
“Nesses casos nós estudamos a situação. Mas não se pode afirmar que ele vai acabar com os camarões menores. Não é verdade que ele não tem predador, não é verdade que ele é carnívoro”, ressalta a especialista ao explicar o fato de o camarão da Malásia se alimentar de camarões menores, o que ela chama de alimentação oportunista.>