Foto: reprodução Embrapa
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Caroço de açaí é usado em pesquisa da Ufra sobre bioprodutos e bioenergia na Amazônia

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Tomar açaí é uma paixão paraense, mas você sabia que também é possível usar o caroço para fazer outros produtos? Foi nisso que a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) pensou ao analisar os resíduos que sobram ao retirar a polpa do açaí.

Segundo as pesquisas da Ufra, em Belém, no período da safra os batedores processam de 15 a 20 latas do fruto por dia, e na entressafra de 10 a 12 latas. Desse total processado, cerca de 80% é o caroço, ou seja, é resíduo.

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O caroço do açaí é um poluente em toda a região Amazônica, tanto na área extrativista, quanto na área urbana. Para buscar uma solução ao problema, a professora Lina Bufalino, doutora em tecnologia da madeira, lidera uma pesquisa que busca dar um aproveitamento ao caroço.

Como é o processo de aproveitamento do caroço?

Para a criação do bioproduto, o primeiro passo é a extração da fibra, aquele “cabelinho” que reveste o caroço. Um dos objetivos é produzir uma embalagem sustentável (que fica parecida com um papel manteiga) feita com essa fibra e que possa substituir o plástico. “O nanopaper feito com fibra do caroço de açaí é 30 vezes mais resistente que um papel normal, além de ter transparência e alta barreira para a umidade”, diz.

O processo de transformação da fibra em papel filme envolve quatro etapas, que vão desde a retirada da fibra, pré-tratamento químico para isolar a celulose, produção da nanocelulose e produção do papel filme. Parte do processo é realizado em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA).

A professora explica que ao redor do mundo os usos de nanopaper de fibras de madeira são utilizados para chips eletrônicos (sem o uso de metais pesados), com aplicação inclusive na área médica. “Conseguindo produzir um nanopaper de qualidade, é possível expandir os usos nanopaper do açaí para uma diversidade enorme de produtos”, explica a pesquisadora. Além dos nanopapers 100% de açaí, é possível combinar as nanofibras do resíduo do açaí com a quitosana, que pode ser obtida dos resíduos de camarão que são muito comuns Amazônia, originando uma outra categoria de filme com potencial para produção de embalagens sustentáveis.

Papel com copaíba?

No estudo, a pesquisadora também espera melhorar o branqueamento da fibra e a qualidade do nanopaper, iniciando a produção de papel reciclado reforçado com a fibra de açaí, com melhor qualidade para utilização e produção em escala semi industrial. Mas não para por aí. A meta é tornar o produto com a cara ainda mais amazônica: misturando ao nanopaper óleos como a andiroba e a copaíba.

Bioenergia

Mas tirando somente as fibras para a produção de papel, ainda sobra o caroço. Por isso uma das fases da pesquisa analisou as características e os potenciais do caroço como biomassa para a produção de bioenergia. Biomassa é a matéria orgânica de origem vegetal ou animal, utilizada para produzir energia. Nesse caso, a biomassa é o caroço. A pesquisadora explica que esse resíduo tem alta densidade, o que ajuda no melhor rendimento energético.

Uma das alternativas seria o recolhimento desse resíduo por estabelecimentos comerciais que utilizam fornos a lenha, como fábricas de tijolos e telhas, pequenas indústrias que usam fornos para aquecimento de caldeiras, restaurantes e pizzarias. O processo de queima controlada da biomassa não libera gases poluentes, mas sim o chamado carbono neutro.

“A biomassa do caroço do açaí não concorre com a alimentação, ou seja, ao invés de você plantar biomassa pra fazer energia, você já tem esse resíduo disponível, com ampla disponibilidade, situação que é comum em toda a Amazônia”, explica a professora.

Na queima do resíduo do açaí, entretanto, é gerado cinzas com resíduo. Para isso, a pesquisadora desenvolveu uma outra solução, giz de cera 100% sustentáveis.

Em 2020, dados do Panorama Agrícola do Pará, produzido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap) colocaram o estado como o principal produtor brasileiro do açaí e o responsável por 94,03% da produção nacional. O documento utilizou informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), que destacou o município de Igarapé Miri como o principal produtor no estado, seguido dos municípios de Cametá e Abaetetuba.

Diálogos Amazônicos

A pesquisa foi apresentada no evento “Diálogos Amazônicos”, realizado de 4 a 6 de agosto em Belém. O estudo e outras pesquisas da universidade foram apresentados no auditório da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). As pesquisas estão inseridas no evento “Desafios para o desenvolvimento das Amazônias: debates sobre o clima, bioeconomia e modelos produtivos sustentáveis”, proposto pela Ufra.

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