Publicado em 16 de abril de 2025 às 08:31
O segundo dia de programação da Semana dos Povos Indígenas – Aldeando a COP 30, nesta terça-feira (15), foi marcado por danças tradicionais, trocas de saberes, palestras, lançamento de documentário, desfile de moda indígena ancestral, apresentações musicais e sorteios de brindes. Toda a programação ocorre no Hangar – Centro de Convenções & Feiras da Amazônia e segue até esta quarta-feira (16).>
A iniciativa é realizada pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), com apoio da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa), e oferece uma série de atividades abertas ao público.>
A primeira atividade do dia, logo após a abertura da II Feira de Arte Indígena, foi a palestra Vitimização de meninas e mulheres venezuelanas indígenas da etnia Warao, ministrada pelo professor Nadilson Portilho Gomes. O conteúdo é fruto de sua pesquisa de pós-graduação na Universidade Federal do Pará (UFPA). "O Governo do Pará tem feito muito para garantir direitos e combater crimes contra essas populações. É uma honra estar presente neste momento histórico e grandioso que é a Semana dos Povos Indígenas", destacou o professor.>
Na sequência, a secretária de Cultura do Estado, Úrsula Vidal, conduziu a palestra Ancestralidade e Produção Cultural dos Povos Indígenas e ressaltou o papel transformador do evento. "Assim como é uma frente de luta, este também é um espaço de entregas. O governo estadual e o federal estão presentes com políticas públicas, sempre com o apoio da federação dos povos indígenas. Os povos indígenas nos alertam há séculos sobre as mudanças climáticas, e este já é um momento de dar voz a eles na COP 30", afirmou.>
Atividades educativas e inclusão>
Em parceria com a Fundação ParáPaz, o evento contou com atividades lúdicas para crianças, como jogos de tabuleiro, brinquedoteca, tênis de mesa e pintura. "Recebemos o convite da Sepi para criar esse espaço de inclusão social. Enquanto os pais participam da programação, acolhemos as crianças. Está sendo muito gratificante" explicou Carlos Valente, coordenador do ParáPaz.>
O Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) também participou com ações educativas voltadas aos povos indígenas, ensinando como votar e como utilizar a urna eletrônica. Personagens da cultura tradicional, como a Matinta Perêra e a Vitória-Régia, foram usados como "candidatos", tornando a experiência mais próxima da realidade cultural das comunidades.>
"Temos o programa 'O Eleitor do Futuro', que levamos até aldeias e comunidades quilombolas. Usamos elementos do folclore para que crianças e adolescentes se reconheçam como futuros eleitores. A aceitação tem sido excelente", explicou Luce Neves, colaboradora do TRE. Além das atividades, foram distribuídas cartilhas traduzidas em sete línguas indígenas.>
Políticas públicas e gestão ambiental>
À tarde, Ceiça Pitaguary, secretária nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), apresentou a palestra sobre a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). A política pretende preservar, recuperar e conservar os recursos naturais nos territórios indígenas do país. "Este é um momento importante idealizado pela secretária Puyr. Estamos aqui como Governo Federal para apresentar essa política às lideranças indígenas do Pará, com foco na implementação nos territórios", afirmou Ceiça.>
Documentário e moda indígena ancestral>
Foi lançado o documentário Pará é Território Indígena, fruto da participação indígena na edição anterior da Semana dos Povos Indígenas. "Agradecemos à Funtelpa por proporcionar esse momento de encantamento" disse a titular da Sepi, Puyr Tembé.>
Um dos destaques do dia foi o desfile da coleção Muiraquitã, do estilista amazonense Maurício Duarte, que apresentou 15 peças inspiradas na lenda do amuleto indígena em forma de sapo verde, símbolo de sorte e proteção. Algumas das peças foram confeccionadas por mulheres da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), custodiadas na Unidade de Custódia e Reinserção Feminina (UCRF) de Ananindeua. As roupas, feitas com fibras naturais como o tucum, bordados, tecidos e pinturas à mão, evidenciaram o talento das artesãs, que produziram os três primeiros looks do desfile.>
Ressocialização por meio da arte>
Para Narayana Brotas, tutora da Coostafe, a participação das custodiadas representa não apenas ressocialização, mas valorização do trabalho artesanal. "Estão vendo a cooperativa como referência. Agregamos valor ao que entregamos e mostramos nossa qualidade. Participar de feiras e eventos assim é um reconhecimento", destacou.>
Ela enfatizou que a oportunidade também contribui para o desenvolvimento técnico e criativo das mulheres. "Ter contato com profissionais como Maurício Duarte amplia a visão de mundo e ajuda a aprimorar o trabalho que já realizamos".>
Catarina Alcântara, uma das 30 participantes, definiu a experiência como enriquecedora. "Nossas raízes estão sendo valorizadas. Essa vivência com o estilista nos engrandeceu. Participar disso nos empodera e nos dá novas oportunidades para quando voltarmos à sociedade".>
Jéssica Cruz, também da Coostafe, reforçou a importância da vivência. "É inovador e gratificante. Estamos nos valorizando como mulheres, mães, filhas e profissionais. Temos agora uma nova perspectiva de futuro".>
O estilista Maurício Duarte também destacou o trabalho da cooperativa. "Esse trabalho representa mais do que ressocialização: representa a importância da arte, da moda e da transformação. As 24 mulheres da Coostafe que participaram se dedicaram intensamente, e será uma alegria mostrar a elas o quanto o público valorizou suas criações".>
Encerramento>
O músico Cássio Costa encerrou o segundo dia da programação com um animado show de forró no auditório do Salão B, fazendo o público — indígena e não indígena — dançar e celebrar com o sorteio de brindes especiais.>