A procuradora Gabriela Samadello Monteiro de Barros, agredida por Demétrius Oliveira Macedo, 34, dentro da Procuradoria-Geral de Registro, no interior de São Paulo, já foi amiga do agressor, antes de ele manifestar seu comportamento agressivo contra ela e outras colegas de repartição.
Gabriela conta que o comportamento antissocial do procurador ficou mais explícito depois que ele se tornou servidor público e foi alojado na Secretaria de Assistência Social, e não na de Assuntos Jurídicos, pela então prefeita da cidade. Alguns anos depois, quando uma mulher assumiu a liderança da pasta, o homem teria passado “a tratar todos mal”.
“Fizemos o mesmo concurso para a prefeitura na cidade de Registro, no interior de São Paulo, lá se vai uma década. Ele entrou imediatamente e eu, dois anos mais tarde. Nos dávamos bem, frequentávamos bares, participávamos de happy hours depois do expediente e chegamos a viajar juntos para a praia. Ele até conheceu meu pai. Os colegas diziam: ‘Ele só fala com você’. Logo entendi o motivo para tamanho espanto. Demétrius se revelava aos outros uma pessoa de difícil trato, principalmente com mulheres. Publicamente, claro, ele não passava despercebido, mas tratava a todos mal. Não cumprimentava ninguém, vivia trancado em sua sala e só reclamava”, relembrou a procuradora-chefe, ao descrever o comportamento do agressor.
De acordo com Gabriela, Demétrius chegou a pedir demissão do cargo depois da morte do pai, mas se arrependeu e pediu para voltar ao trabalho alguns meses depois, quando a colega já tinha se tornado a procuradora-chefe do município.
“Fui conversar com ele fazendo um aceno de paz. ‘Somos uma equipe, vamos deixar as mágoas para trás’, enfatizei. Ele não retribuiu o gesto, a gentileza, e o clima foi se deteriorando. Démetrius falava comigo por meio de ofício ou bilhetes. Até que destratou uma auxiliar administrativa, lhe questionando aos berros, depois de um delicado bom dia dela: ‘O que aconteceu? Agora ficou educada?”, contou.
O caso que a procuradora relatou é o de Thainan Tanaka, a primeira funcionária a denunciar formalmente para a chefe o comportamento “mal-educado” do homem, o que a motivou a pedir a abertura de processo formal contra o servidor.
“No momento em que ele viu no sistema que uma comissão para investigar o caso tinha sido instaurada, resolveu recorrer à violência. Recebi socos na cabeça, por pouco não desmaiei. Achei que fosse apanhar até morrer. Um colega felizmente conseguiu contê-lo e outra me puxou para uma sala, passando a chave”, relatou.
Com a exposição do caso, o procurador acabou preso por tentativa de feminicídio.
Com informações do UOL